Um dos grandes problemas das recessões económicas advém de todo os meses de noivado que antecedem as crises, já que ninguém pretende ser apanhado desprevenido. Deste modo, a solução que as familías encontram para se anteciparem ao momento em que acreditam que a economia vai desmoronar é a preferência por uma gestão cautelosa de recursos. Algo que é previsível e que, indubitavelmente, tem alguma lógica. No entanto, essa suposta gestão cautelosa acaba muitas vezes confundida com excesso de zelo, que leva a que se abdiquem de praticamente todos aqueles extras, que num momento dito estável parecem ser essenciais, mas que na preparação de uma recessão já são completamente banalizados. E será aqui que todo o processo rumo aos caos político económico acelerará, intensificando-se, pois com uma rotura da procura os rendimentos das empresas invariavelmente serão menores e as condições salariais subjacentes sofrerão um forte abalo.
É neste momento que é necessário, mais do que nunca, uma consciência capaz dos indíviduos acerca das suas capacidades e das necessidades financeiras dos mercados, para além do reforço intelectual de que a envolvência da comunicação social nestas decisões pessoais e familiares deve ser de carácter meramente informativo e ponderativo.
Concentremo-nos no momento histórico em que estamos inseridos, com a depressão económica que os efeitos da pandemia Covid-19 tornam esperável. A chave para a estabilização do número de casos estará diretamente relacionada com o cumprimento das quarentenas decretadas em todos os países cujo vírus já levou ao fecho de escolas e de boa parte dos estabelecimentos comerciais. Aqui os comportamentos individuais serão consensualmente a base para a resolução deste perigo para a saúde pública.
O que não será tão acessível de compreender é que serão também os comportamentos individuais a possível chave para uma surpreendente estabilização económica depois do controlo do surto. Mais do que nunca, são as pessoas que podem fazer a diferença, especialmente tendo em conta os apoios que o Estado e que a União Europeia vão disponibilizar com políticas já delineadas que visam assegurar postos de trabalho e proteger declaradamente as PME’s e trabalhadores independentes. Será então o momento ideal para continuarmos a viver ao nível das nossas possibilidades e não resguardarmo-nos abaixo delas como a tendência indica. Muitos de nós manter-nos-emos com os mesmos rendimentos de antes. Logo a escolha não deverá ser anularmos as inscrições do ginásio, ou do ateliê de danças. Também não será ir menos vezes ao nosso bar predileto de música ao vivo, ou anular as noites de sexta feira no cinema ou no teatro. O brio pessoal, com a ida regular a estabelecimentos de estética, não deve ser ignorado.
Dependerá das pessoas não criar um ciclo que poderá ser mortífero para economia, onde, embora com a possibilidade de se retomar a rotina pré pandémica, a contenção unitária de gastos levará a uma redução de rendimentos, que continuadamente originá uma nova e, nesta timeline, inevitável contenção de gastos. Será mais urgente do que nunca uma relação simbiótica entre os consumidores e os produtores de todos esses bens e serviços que serão eventualmente postos em causa com a propagação deste surto global.
Está nos indivíduos e nos comportamentos adotados o código que sentenciará o futuro do vírus e das suas consequências económicas.
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